A gente tem que VIVER mais com espírito de viajante
Ultimamente ando olhando algumas fotos de viagens que fiz e ando tendo saudades de mim. Sim, de mim... A gente vai lembrando dos dias vividos, das experiências que passamos, de quem estava ao nosso lado naquele dia em que nosso sorriso parecia sair do rosto... Do que estávamos fazendo, o que comíamos, o que bebíamos, o que dançávamos, do quê estávamos rindo. Ríamos de coisas fúteis, de coisas inúteis, de situações inusitadas, de piadas bobas... Ríamos de nosso próprio riso.
Parece que quando a gente sai um pouquinho da rotina, pega uma praia, viaja para um lugar desconhecido, experimenta uma nova cultura, a gente foge da própria vida. Passamos a viver algo que não é nosso, experimentamos uma gastronomia que regularmente não está em nosso cardápio, enchemos os olhos com vistas que não fazem parte de nossa rotina.
Parece que, sobriamente, saímos do nosso próprio corpo. Esquecemos senhas, temos preguiça de escrever, temos preguiça de lembrar.... lembrar que, quando voltarmos, nada mudará... Tudo continuará igual, ou não... Para nós, não importa mais... É como se acreditássemos que tudo estaria resolvido, que ganharíamos na Loteria, que nossos problemas fossem esquecidos de vez, que as pessoas seriam diferentes, e que tudo mudaria para melhor. Essa expectativa de boas vibrações nos enche a alma, nos alimenta, nos faz ficar em paz.
Quando saímos de férias, e aqui vou um pouco mais além: quando nos entregamos a uma viagem, vivemos como se não houvesse amanhã. Saboreamos pratos que podem nos engordar ("mas e daí? Eu posso nunca mais experimentar algo parecido!"), não temos medo de parecer ridículos ("e daí? Ninguém me conhece aqui mesmo!"), valorizamos a aventura, esquecemos do que pode ficar para depois, ou pelo menos temos a falsa sensação de que pode ficar para depois (não é?!).
E quando voltamos, demoramos a nos adequar...
É como se vivêssemos por 30 dias no ano apenas, e a conta fosse paga nos outros 11 meses...
Mas não é para ser assim, é? A gente tem que aprender a não deixar o que realmente importa para depois...
A gente tem que aprender a VIVER mais com o espírito de viajante...